Confira a entrevista exclusiva que fiz com Tiago (Visceral) Maciel, guitarrista da banda de brutal thrash Chemical.
Queen Evil – Quais
bandas você já tocou?
Tiago: Já toquei em várias, mas a que fiquei mais tempo antes
do Chemical foi o Calibre12, essas duas foram as que eu levei realmente a
sério, rsrs. No Calibre eu fiquei 10 anos e estou até agora firme e forte com o
Chemical já tem uns 4 anos.
Queen Evil – E como que
surgiu seu interesse pela música?
Tiago: Surgiu desde
criança, de família, com meu pai e minha avó.
Desde pequeno meu pai tocava e me ensinava violão, músicas antigas, ele
também me levava pra onde ele ia tocar.. Foi desde cedo.
E pelo metal?
Tiago: Eu ouvia vários tipos de música. E no bairro onde eu morava
tinha uma galera da rua que ouvia um Hard Rock, um Iron Maiden.. Pop Rock e
tal, influenciado pela televisão por causa do Rock in Rio 1. E uma vez um dos caras mais velhos da turma
me emprestou uma fita e um walkman. De um lado era Ramones, Garotos Podres, Sex
Pistols e do outro, Black Sabbath, Iron
Maiden, Led Zeppelin. Então peguei gosto e comecei a me interessar e ouvir cada
vez mais.
Morei 3 anos no interior, e quando voltei a São Paulo comecei
a estudar sério violão, guitarra e a ouvir e pesquisar mais sobre som pesado.
Queen Evil – Quais
bandas que você mais gosta?
Tiago: Motörhead pra mim sempre foi a preferida, mas gosto de muita
coisa como Testament, Slayer, Cannibal Corpse, Black Sabbath, Iron Maiden e
metal em geral. Beatles, Rolling Stones, Led Zeppelin, Creedence e muitas
outras de Classic Rock, além de coisas mais punk/hc tipo Ramones, Minor Threat,
Discharge, Ratos de Porão. Rock nacional eu gosto de muita coisa também tipo
Ultrage a Rigor, Plebe Rude, Korzus, DFC e a que eu mais tenho escutado
ultimamente é o Krisiun.
Queen Evil – Além de
tocar no Chemical, o que mais faz?
Tiago: Sou professor de música já tem 20 anos, jornalista e
atualmente estou montando minha produtora de vídeos a "Kalavera
Filmes", o próprio clipe da minha banda "Bloody Streets", foi nós
mesmos que produzimos através da Kalavera. Link do clipe: http://youtu.be/E0G6VVo-Csc
Queen Evil – Você
também tem um canal no Youtube, eu acompanho seus vídeos.. Você poderia contar
como começou essa ideia?
Tiago: Meu canal começou na brincadeira: eu recebi uma proposta pra
fazer reviews de instrumentos musicais para um site..
Mas o projeto não deu certo, eu não tinha muita ideia de como
eram os canais no Youtube.
Arrumei uma câmera e comecei a gravar algumas coisas, o
pessoal gostava dos vídeos.
Usava meu canal como uma versão de teste, pra poder
posteriormente desenvolver mais o lado profissional com a Kalavera.
Eu gosto muito, é um feedback bom pra gente. Mas ultimamente
está um pouco parado, confesso, pois estou correndo atrás de coisas pra banda..
Mas pretendo trabalhar quando eu tiver mais material preparado, pois há um
tempo de pesquisas e testes antes de soltar alguma coisa no ar.
Queen Evil – Como que
foi a entrada na banda?
Tiago: O "embrião" da história toda é com o Alê (Spike),
ele que começou isso no final dos anos 80 (em 1988), com uns 16/17 anos os
caras começaram a tocar e montaram a banda.
A banda chamava Sorcery e lançou 2 demos, Chemical Disease e
outra que chamada Sad Reality.
E os caras estavam tocando, mas montaram uma banda maior o
Zero-Vision que nos anos 90 tocou
bastante, assim o Sorcery ficou esquecido.
Depois de uns anos o Alê mostrou para o Corvo (baixista) o
que tinha gravado em casa, no seu “Home Studio”, eram umas músicas mais thrash
e o Corvo pirou! Achou demais e convenceu o Ale a retomar a antiga banda de 80,
assim chamaram o Alemão pra bateria.
Eu já conhecia o Alemão (Nutz) de anos, pois nossas antigas
bandas já tinham tocado juntas muitas vezes. Um dia chamei o Nutz pra fazer um
som tocar umas doideiras, tirar uma onda mesmo e ele me convidou pra fazer a
segunda guitarra na banda. Quando eu escutei o som gostei bastante e me
instiguei a tocar com eles.
Quando entrei na banda, mudamos o nome para Chemical Desease
.. Depois de um tempo decidimos mudar para Chemical somente, pois ficaria um
nome mais direto e objetivo.
Queen Evil – Como foi o
processo de gravação e da arte do álbum New Dimension?
Tiago: Demoramos pra gravar, por dificuldades financeiras, mas
terminamos o disco, e disponibilizamos no SoundCloud. Lançamos oficialmente
esse ano. Ainda não temos a mídia física, pois estamos procurando selos e
gravadoras para negociar. Mas o CD já está à disposição para quem quiser ouvir
na internet. Nossa produção foi totalmente independente.
A arte e toda parte gráfica do CD foi feita pelo Alê, pois
ele é designer. Ele também desenvolveu a parte de áudio do disco, fez a mixagem
no Home Studio dele. A concepção da arte da capa é como se fosse o Chemical
Desease que seria a o pé da letra “Doença Química”, que é uma referência do que
acontece no mundo hoje. Por exemplo, poluição, problema na camada de ozônio,
aquecimento global, fast food.. Na verdade o nome da banda reflete no que
acontece no mundo atual, coisas químicas também... As pessoas estão morrendo
por consumirem e viverem em meio essas coisas ruins.
Arte do CD, feita pelo designer e também vocalista/guitarrista do Chemical
Queen Evil – Quais são as
influências da banda?
Tiago: É o thrash metal! A ideia nossa é a seguinte, nos escutamos
muito metal principalmente thrash antigo, tipo Pestilence, Kreator, Assassin
Sodom, Vio-Lence, Slayer, Metallica etc. E essa ideia de que falamos que é
brutal thrash é porque tem aquele thrash tradicional, mas com influencias de
sons mais agressivos atuais como o death metal, grind core, crossover entre
outros.
E nós escutamos de tudo, pois cada um tem as suas influências
musicais. Gostamos de músicas instrumentais, Rock, Blues.. Enfim, mas a
influência da banda mesmo é o metal, claro!
Queen Evil – Quem faz as letras das
músicas?
Tiago: Essas composições que nós lançamos no disco New Dimension são
todas do Alê.
E algumas são até dos anos 80. Ele sempre escreve e nos
envia, para nós opinarmos.
Às vezes tenho alguma ideia de refrão, e envio pra ele e nós
montamos.
Mas o processo de composição gira em torno do Alê, que é o
cara que tem mais ideias e gosta de ficar gravando, tocando e montando.
Ele sempre mostra pra gente e nós vamos lapidando nos
ensaios.. Fazendo os arranjos e colocando nossa pegada.
E a temática das letras são variadas, coisas políticas, mais
do cotidiano, algumas coisas também de
introspecção metal, sobre o underground etc
Queen Evil – O que
significa a música “Doi Codi” ?
Tiago: Era um setor da área da polícia na época da ditadura militar
que sequestravam jornalistas, artistas, um monte de gente e matavam os caras,
prendiam, torturavam..A música é ‘descendo a lenha’ na ditadura militar, que
teve aqui no Brasil de 64 a 84. (Doi Codi Live: http://youtu.be/rGvKy02t3GY)
Queen Evil – Tem alguma
outra letra que tem outro tipo de significado especifico?
Tiago: Sim, tem a “No Live Corporation”, que não saiu no CD. Ela
fala sobre essas corporações, empresas, essa galera aí meio “Eike Batista”, que
só quer ganhar dinheiro passando por cima dos outros.
Tem outra também que a gente ainda não soltou, que chama
“Suicide Bullshit”, que fala sobre essas pessoas que ficam fingindo que tem
depressão, que finge de down, que quer se matar, mas que só é cena, fica com
essa palhaçada e não sabe o que é depressão de verdade.
E a “Cursed Harvest”, que é a última faixa do álbum, fala
sobre o filme “Colheita Maldita”, que seria uma retradução do nome do filme
Children Of The Corne de Stepehn King.
(Cursed Harvest PreMastered: http://youtu.be/D5WXp6QsGVo)
Queen Evil – Qual é o
diferencial do Chemical em relação as outras bandas?
Tiago: O nosso diferencial é que temos as músicas mais diretas, mais
objetivas é uma pancada só, não tem muito rodeio. É o thrash mais cru e
simples, fazemos com simplicidade, que dá uma brutalidade característica e
única na banda.
Queen Evil – Conte um
fato engraçado que já aconteceu em algum show.
Tiago: Ah, foi quando nós estávamos bem no começo, e fomos tocar em
Leme com o Claustrofobia e mal tínhamos
lançado demo e nem nada, e as letras das músicas em inglês e gutural,
geralmente ninguém entende muito. E tinha uma galera no show cantando, abrindo
a boca e tal, e eu não sei o que eles estavam cantando. E nós da banda nos
olhamos e ficamos pensando “O que esses caras estão cantando? Nem a gente da
banda lembra direito as letras” (risos)
Queen Evil – Como é o
ensaio de vocês?
Tiago: É bem alto, e depende da época. Por exemplo, agora estamos numa época de
final de ano e estamos com muitos shows marcados. Então a gente ensaia, passamos
o setlist, e uma ou outra que nós erramos, passamos novamente. Depois tocamos
uma ou outra música nova, ou finalizamos alguma outra composição que estávamos
fazendo.. Tocamos alguns covers para tirar um “sarro”, dar umas risadas..
Fazemos uma pausa pra tomar uma cervejinha, conversar mais um pouco .. Vamos
testando alguns sons gravados do disco.. Tocamos mais rápido, vamos combinando.
Queen Evil – Quais são
os projetos para esse fim de ano?
Tiago: Os planos são fazer muitos shows, para divulgar o CD e tentar
lançar o físico dele em definitivo.
Temos o Making Off do clipe que a gente fez.. Ainda não tenho previsão de
lançar, pois como é a minha produtora, ainda temos uns projetos para fazer
antes.
Estou coletando material de todos shows que estamos fazendo,
com bastante imagens e tal, pois ano que vem quero lançar um mini doc, algo
assim e mais um clipe, claro. E o ano
que vem, com o CD, vamos começar a gravar mais coisas, talvez fazer um Split e
participar de algumas coletâneas internacionais..
Ano que vem
gostaríamos de fazer uma turnê pelo nordeste e já prospectar fazer uma
turnê pela Europa e também America Latina.
Tenho vontade de tocar em alguns lugares bem inusitados, tipo
no Oriente Médio. Egito, Japão, mas aí já é mais complicado.
Tiago "Visceral" (guitarrista) / Daniel "Corvo" (baixista) / Alê "Spike" (vocal e baixo) / Ricarto Nutz "Alemão" (bateria)
Queen Evil – Vocês vão
abrir pro Cauldron, certo? Quais são as expectativas?
Tiago: O Cauldron eu conheci pelo Myspace, e eu acho legal, pois é
uma banda de heavy metal mais tradicionalzão. Algo que está faltando no Brasil.
E com o Chemical, vai ser a nossa primeira experiência com uma banda
internacional e estamos bem focados nisso. Queremos fazer um show bem legal, tomar umas cervejas com os
caras, conversar, trocar uma ideia, fazer uma amizade.. Queremos fazer o nosso som! Se divertir, isso
é o principal do Rock N’ Roll.
Agradecimentos: Gostaria de agradecer ao blog Queen
Evil, o pessoal do Facebook que tem curtido a nossa página, dando apoio pra
gente. Pessoal que chama a gente pra tocar, que organiza o show, a você
Raphaella, a nossa acessória de imprensa, que é a Metal Media que sempre dá uma
força. Pessoal do Youtube que assistiu nosso clipe. Eu particularmente quero
agradecer ao Ale, Corvo e Nutz por me convidarem pra tocar no Chemical.
E continuem curtindo o metal nacional, prestigiem o metal
nacional, as bandas de som próprio, pois é muito difícil e nós fazemos pelo
som, pelo metal, pelo Rock mesmo!
Chemical dia 28/11 no Manifesto Bar, São Paulo
Chemical dia 30/11 no Xamego, em Atibaia - SP